3I/ATLAS: cometa de fora do Sistema Solar é flagrado por sondas na órbita de Marte; veja IMAGEM
08/10/2025
(Foto: Reprodução) Cometa interestelar 3I/ATLAS visto a partir da órbita de Marte. A imagem, feita pela sonda europeia TGO, mostra o ponto branco e difuso do cometa — uma nuvem de gás e poeira a 30 milhões de km de distância.
ESA
Duas sondas que orbitam Marte conseguiram um feito raro: registrar com detalhes um cometa interestelar, um corpo celeste vindo de outro sistema estelar que cruzou o caminho do planeta vermelho no início de outubro.
Batizado de 3I/ATLAS, o objeto foi observado pelas naves Mars Express e Trace Gas Orbiter, ambas da Agência Espacial Europeia (ESA), que realizaram a observação mais próxima e detalhada feita pela agência até agora.
Durante a máxima aproximação, em 3 de outubro, o cometa passou a cerca de 30 milhões de quilômetros de Marte, uma distância pequena em escala planetária.
As câmeras das sondas, projetadas para estudar o solo marciano, foram reconfiguradas para acompanhar o objeto, que apareceu nas imagens como um pequeno ponto branco e difuso: o núcleo do cometa envolto por uma nuvem de gás e poeira chamada coma (veja ACIMA).
“O cometa é de 10 mil a 100 mil vezes mais fraco que os alvos normais que observamos”, explicou Nick Thomas, cientista responsável pela câmera CaSSIS, que fez o registro.
Ainda assim, o instrumento conseguiu detectar a nuvem luminosa, um feito que, segundo ele, seria equivalente a tentar enxergar um celular na Lua a partir da Terra.
O 3I/ATLAS visto a partir da órbita de Marte.
ESA
A coma, com milhares de quilômetros de diâmetro, é formada quando o calor do Sol aquece o núcleo gelado do cometa, liberando gases e partículas.
Já a cauda, o rastro de poeira que normalmente acompanha esses corpos, ainda não pôde ser vista, mas deve se tornar visível nas próximas semanas conforme o cometa se aquece.
Além das imagens, as equipes da ESA tentam identificar a composição química do 3I/ATLAS por meio da luz refletida pelo cometa. Esses dados podem revelar de que ele é feito e como se comporta à medida que se aproxima do Sol.
O que é o cometa?
O 3I/ATLAS foi descoberto em julho de 2025 por um telescópio do projeto ATLAS, no Chile, e rapidamente chamou atenção: ele não nasceu no nosso Sistema Solar.
É apenas o terceiro cometa interestelar já identificado, depois de ʻOumuamua (2017) e Borisov (2019). Esses objetos são considerados verdadeiros forasteiros cósmicos, formados em torno de outras estrelas e lançados ao espaço há bilhões de anos.
Por sua trajetória e velocidade, astrônomos acreditam que o 3I/ATLAS possa ser até 3 bilhões de anos mais antigo que o Sol, o que o torna uma relíquia da formação de outros sistemas planetários.
Diagrama mostra a trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar.
NASA/JPL-Caltech
O cometa voltará a ser observado em novembro pela sonda Juice, que estuda as luas geladas de Júpiter.
Mesmo mais distante, ela deverá vê-lo em um estágio mais ativo, liberando mais poeira e gás após a passagem pelo ponto mais próximo do Sol.
Para os cientistas da ESA, o registro mostra como missões dedicadas a Marte também podem contribuir para descobertas sobre o espaço profundo.
“É sempre empolgante ver essas sondas reagindo a situações inesperadas como essa”, disse Colin Wilson, pesquisador da agência. “Cada observação ajuda a entender melhor o que existe além do nosso Sistema Solar.”
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