Antecipação do saque-aniversário do FGTS tem novos limites; saiba quais
07/10/2025
(Foto: Reprodução) Conselho do FGTS estabelece limites novos para antecipação do saque-aniversário
O Conselho do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço estabeleceu limites novos para a antecipação do saque-aniversário do trabalhador.
O saque-aniversário permite ao trabalhador receber, uma vez por ano, no mês de aniversário, parte do saldo que tem no FGTS. A adesão - opcional - é feita na Caixa. Muitos bancos oferecem a antecipação do valor do saque-aniversário que o trabalhador receberia nos próximos anos. Na prática, é um empréstimo, com juros. E não há um limite de saques futuros que são comprometidos com esses adiantamentos. Segundo o governo, em média, o trabalhador antecipa o que seria recebido no acumulado de oito anos, e alguns bancos oferecem o equivalente a 12 anos desses saques.
Nesta terça-feira (7), o Conselho do FGTS mudou as regras. A partir de 1º de novembro, só será possível adiantar o valor de cinco anos. No fim de 2026, o teto vai cair para três saques. A medida também coloca um valor máximo para cada saque: R$ 500. Ou seja, até o fim do próximo ano, os novos contratos só poderão ser de até R$ 2,5 mil e, depois, de até R$ 1,5 mil.
Quem entra no saque-aniversário continua sem direito a receber o valor acumulado no Fundo de Garantia em uma demissão sem justa causa. O trabalhador fica apenas com a multa rescisória e só volta a ter direito ao dinheiro acumulado dois anos depois de ser demitido ou de cancelar o saque-aniversário.
Dos 42 milhões de trabalhadores com conta no FGTS, metade aderiu ao saque desde o início do programa em 2020. Nesse grupo, cerca de 70% solicitaram a antecipação.
Antecipação do saque-aniversário do FGTS tem novos limites; saiba quais
Jornal Nacional/ Reprodução
O governo já defendeu acabar com o saque-aniversário e disse que mudou as regras para preservar as contas do fundo. O dinheiro é usado para financiar a habitação e obras de infraestrutura, como saneamento básico. Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o saque-aniversário e a antecipação reduzem os recursos para esses investimentos e criam uma armadilha para os trabalhadores:
“É o enfraquecimento do Fundo de Garantia tal como fundo de investimento. Seja na habitação, seja no saneamento, infraestrutura. Então, vai enfraquecendo o fundo. E tem outro efeito colateral para o trabalhador, que é quando ele é demitido - que é uma das tarefas do socorro no infortúnio do desemprego -, o trabalhador tem sua conta, portanto, defasada porque ele gastou de forma antecipada, muitas vezes sem planejar”.
O economista da FGV Lauro Gonzalez afirmou que o FGTS deveria render mais para se aproximar de outros investimentos e ser mais atrativo como poupança para o trabalhador - em 2024, a rentabilidade foi de 6% - e defendeu o uso do saque-aniversário para pagar dívidas mais caras.
“O FGTS tem que ser encarado muito mais como uma poupança diante de emergências e uma fonte de recursos de financiamento para atividades que sejam estratégicas para o país, do que como garantia de crédito. Crédito esse que acaba, muitas vezes, e o que a realidade mostra, engrossando o caldo do superendividamento. O trabalhador deveria utilizar esses valores para quitação de dívidas que tivessem taxa de juros mais elevadas”, afirma Lauro Gonzalez.
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